A poesia é um espelho que cruzamos no corredor do tempo, que reflete nossa imagem interior, nossos sonhos e lembranças, até aqueles que nem foram vividos. A gente sempre se encontra em um poema. Mesmo que ele se resuma em uma frase...
A cada passo mais um passo se apresenta. O caminho não importa muito. O importante é caminhar. Mas será só isso mesmo? Não creio. Não para mim! Não para muitos! Podemos e devemos tornar o caminho mais limpo por onde passarmos. Como? Lutando com indignação contra os erros que encontramos por onde vamos... Paulo da Vida Athos é o pseudônimo de PRAD
sexta-feira, junho 05, 2015
segunda-feira, abril 13, 2015
A inteligência da Direita
A inteligência da Direita
Volta e meia recebo de algum
amigo meu, de direita, um texto que rescende ressentimento e inconformismo
contra a reeleição de Dilma ou contra o PT. São palavras geralmente agressivas em textos
de péssima qualidade, alardeando a corrupção petista, acusando a militância de
petralha, quase sempre com pelo menos uma palavra obscena, fazendo analogia a
golpe de estado ou aos golpistas de 64, ou pedindo de volta “o regime militar.”
Essas coisas me fazem lembrar
alguns textos que leio que, com relação às conclusões, tenho minhas reservas,
de que pessoas de esquerda são mais inteligentes do que pessoas de direita.
Sinceramente não vejo base
científica nisso, ademais há que se descontar, por óbvio, o agregamento do
autor aos ideais progressistas da esquerda.
No entanto, quando paro para
dissecar a verborreia não tenho como impedir um certo acomodamento intelectual
para a assentir com as conclusões apaixonadas, mas para mim sem validação
científica, mas até certo ponto
aceitáveis, de que pelo menos não são dotados de lógica ou usam de má-fé.
Como alguém pode afirmar é contra
o PT porque pensam no povo trabalhador, que são contra a corrupção, que o PT é
corrupto e Dilma e Lula comandam uma quadrilha, e pérolas tão próprias desse
naipe de gente, quando, por exemplo, são traídos por quem votaram e que votaram
favoravelmente à terceirização do mercado de trabalho? E que, mesmo sabendo disso, vão para as ruas
aplaudir seus representantes que, em seu ponto de vista cego, deveriam estar
governando a República. Inteligência?
Pensam no povo? O PT é
corrupto? Dilma e Lula comandam uma
quadrilha? Pó pará!
Deitar a verborreia numa folha de
papel, ou na internet, deixando prova e rastro da verborragia, é coisa de gente
burra mesmo, burra e que não tem vergonha de demonstrar isso.
Escrevem sem pensar. Isso me lembra o maravilhoso texto “A arte de
escrever para idiotas”, produzido pela filósofa Marcia Tiburi e por Rubens
Casara, intelectual e magistrado no Rio de Janeiro, que define bem as relações
entre os criadores desse tipo de texto e seus leitores. Não leu ainda? Está na rede.
Recomendo, disseca bem o tema.
A burrice é tanta que não
perceberam que estão fazendo o jogo da elite, são marionetes da elite.
A elite está vendendo seus postos
de trabalho, e eles vão lá, para as ruas, em cada vez menor número (por sorte
alguns tiram os antolhos), vociferar contra um governo eleito legitimamente
para pedir seu impedimento.
Isso não vai acontecer. Mais fácil é algum deles ganhar o Nobel da
paz.
A gente olha para a massa de
manobra da elite e ouve seu discurso, e percebe que eles se sentem elite, se acham
mesmo elite, se acham milionários como os Marinho, empresários como Abílio
Dinis ou os Setúbal (esses são realmente inteligentes), se consideram deles igualha, e não atinam de que são
apenas classe média, no máximo classe média alta, e que estão ali a serviço do
capital mais selvagem, tangidos pelos lacaios daqueles, tipo Jabor, Diogo
Mainard, Rodrigo Constantino, Reinaldo Azevedo, Rachel Sheherazade , William
Bonner, Miriam Leitão, todos pagos regiamente, para fazer a cabeça de idiotas e,
cá para nós, quem tem como mentor gente assim não pode ser classificado de
inteligente, é pessoa de poucas luzes no mínimo, hão de concordar.
Essa gente que está nas ruas não
pensa por conta própria. Embora de
classe média e média alta a maioria, estudou – alguns até sem muita dedicação,
creio - tem razoável cultura, mas não tem lógica, não liga uma coisa na outra.
Estão legitimando uma maioria no
congresso que está lá votando contra seus próprios interesses, bastaria isso
para demover alguém com mediana capacidade de raciocínio.
Então a gente junta isso ao que
de fato tem incomodado essa turma nos últimos 12 anos. É insuportável para eles a realidade de que
seus espaços privativos, onde faziam biquinhos na hora de ser fotografado, foi
invadida por trabalhadores de verdade.
Logo, passaram a dizer que seus
aeroportos foram tomados por “pobres”.
Pobre para eles é o assalariado e, via de consequência, como todo
trabalhador é assalariado todo trabalhador é pobre e os incomoda.
O que eles não conseguem ver: é
que também são assalariados, e que, através das medidas que estão sendo
aprovadas contra os trabalhadores, mais dia menos dia serão atingidos. Pouca gente sabe, por exemplo, que grande
número de bancários, e isso enquanto a terceirização nem foi aprovada ainda, já
é terceirizado.
E o terceirizado, além de
trabalhar mais ganha menos e tem menor número de direitos e garantias
trabalhistas, vez que a terceirização, como essência primária, tem por objetivo
minimizar o alcance das normas garantidoras da relação de trabalho contidas na
CLT e dos direitos do trabalhador.
Quando aprovada a terceirização:
hospitais, bancos, grandes empresas, escolas, universidades, redes de lojas e
de supermercados, empresas de transportes, pequenos e grandes comércios, poderão
ter relações com as terceirizadoras que venderão um produto antigo e lucrativo:
o homem e sua mão de obra, para não terem grandes riscos na hora da demissão.
Ou seja: essa é a forma atual de exploração
da mão de obra; e nela se inclui do auxiliar de limpeza ao médico.
Como considerar essa turma que
foi para as ruas, inteligente?
Odeiam pobres, odeiam
trabalhadores, mas esquecem de que são trabalhadores e que a tunda vai comer no
couro deles também.
Odeiam saber que as empregadas
domésticas agora tem direitos trabalhistas e que podem comprar o mesmo perfume
que a patroa usa.
Já nem falo naqueles que pedem “o
regime militar de volta”, porque isso é tão imbecilizado que atribuo aos
doentes ou aos de má-fé. Impossível que
nos dias de hoje exista alguém que não saiba do que aconteceu naqueles dias.
É gente que não pensa; nem sei se
é gente burra. Mas cretina é, cretina e
idiotizada.
É gente preguiçosa que prefere
que outros pensem por elas e vão repetindo que bolsa-família é “dar pão podre e
estragado”, é iludir os realmente pobres, e coisas estapafúrdias como
essas. Não sabem que, como dizia
Betinho, quem tem fome tem pressa.
Esse tipo de gente não tem esse
problema de fome. Na pior das hipóteses, é só abaixar porque eles que tem o
pescoço curto como sua inteligência, capim tem de sobra.
Mas não são burros!
Paulo da Vida Athos.
Rio de Janeiro, 13 de abril de
2015.
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segunda-feira, março 23, 2015
Primeira carta a Pedro
Querido Pedro,
Pensei muito, antes de poder começar a escrever esta carta. Ia começar dizendo “Meu filho”, “Meu querido filho, “Meu menino”, e por aí a fora: meu, meu, meu, etc. ...meu. Mas, vi que estava errado. Errado porque você é de fato isso tudo: amado, querido, menino, mas... não é meu.
Não é meu porque sua vida, embora eu tenha mil preocupações como todo pai inseguro e mesmo o mais seguro dos pais, sua vida não me pertence e você pertence à vida, e essa é uma lei imutável que nenhum ser humano pode alterar.
Por isso comecei assim “querido Pedro” retirando o “meu”, porque embora o amor que sinto seja imenso, não poderei viver sua vida que vai se alongar no tempo, até depois, muito depois que a minha. Essa mesma lei natural, e também imutável, irá apagar um dia de seus olhos minha imagem enquanto meu espírito cavalgará o vento na garupa de minha saudade.
Não posso querer que você seja uma projeção de mim, porque você é você e eu sou eu.
Somos diferentes, porque as pessoas são diferentes e não existe no mundo duas pessoas iguais, porque a natureza em sua magia não cria duas obras iguais ao longo da eternidade.
Somos diferentes, porque as pessoas são diferentes e não existe no mundo duas pessoas iguais, porque a natureza em sua magia não cria duas obras iguais ao longo da eternidade.
Sei de suas dificuldades, que são mais ou menos as que passei na sua idade mas havia esquecido isso, e olhava você com meus olhos de adulto, que ficam sempre voltados para o passado, que nada mais é que um sonho, ao passo que os olhos de um menino olham para o futuro que é uma visão de esperança e de coisas bonitas que esperam para serem vividas.
Quando eu cobrava de você, mandando estudar, se dedicar à leitura, ralar (como se diz na gíria), eu estava na verdade cobrando a mim e não percebia isso. Achava que seu fracasso seria o meu fracasso, quando na verdade só posso dividir com você sua dor e sua alegria, e era essa na verdade a essência de meu temor: não suportar meu próprio sofrimento que, como o vagão de um trem, viria atrelado ao seu.
Por causa disso não reparava que estava causando um sofrimento maior para você, e essa idade, a que você está vivendo, não é idade para se viver a dor.
É a idade dos sonhos e das fantasias, da magia dos finais-de-semana, e de se odiar segunda-feira, alface, salada e dever de casa.
É a idade dos sonhos e das fantasias, da magia dos finais-de-semana, e de se odiar segunda-feira, alface, salada e dever de casa.
É a idade em que, sem começar uma longa caminhada, a gente joga bola, pinta e borda, gosta de sol e sal de mar, de Coca-Cola e sanduba derramando molho e mostarda pelo queixo, pela roupa e pelo chão.
É aquela fase de sonhar sonhos incríveis, em que somos o maior atleta, o super-homem, o mais bonito e charmoso de todos, e amado por aquela menina que consideramos a mais linda, ainda que sequer nos dê uma olhada.
Não é uma idade em que devamos saber das coisas que são feitas para adulto saber, tais como, preocupação, ansiedade, sofrimento, responsabilidade, compromisso, trabalho, e o único cansaço permitido é aquele que vem depois de um dia intensamente vivido com emoção e amor.
É a idade de cirandar em sonhos, de aprender brincando, de amadurecer lentamente como a uva na parreira ou como as flores que esperam pela primavera.
Nessa fase da vida só é proibida uma coisa: não ser feliz.
E eu descobri que, na minha ânsia de preparar seu amanhã (tarefa impossível), estava provocando sua infelicidade no hoje (estupidez total).
É grande estupidez porque ninguém pode ser feliz no ontem nem no amanhã. Só podemos viver a felicidade no hoje.
É grande estupidez porque ninguém pode ser feliz no ontem nem no amanhã. Só podemos viver a felicidade no hoje.
São 4:56 horas da manhã do dia 7 de setembro de 1996 (veja só, Dia da Pátria, dia da Independência do Brasil!), você está dormindo e estou aqui amando você através de cada letrinha que coloco nessa carta, enquanto fumo um cigarro e um ventinho frio e gotoso passa pelas frestas da janela, balança a cortina e brinca com a fumaça que flutua no ar.
A vida não é um “bicho-de-sete-cabeças”, e você tem todo o tempo do mundo para descobrir isso.
Não passar de ano, também não é nenhum fim do mundo. Acontece e tem como única consequência fazer com que fiquemos mais tempo na escola e tenhamos que percorrer o mesmo caminho duas vezes.
Não passar de ano, também não é nenhum fim do mundo. Acontece e tem como única consequência fazer com que fiquemos mais tempo na escola e tenhamos que percorrer o mesmo caminho duas vezes.
Para que as pessoas gostem de nós, é simples: basta mostrarmos que também gostamos delas e as respeitamos.
Existem palavras mágicas, que têm a mesma força de um sorriso e o poder de abrir qualquer porta (principalmente as portas do coração); entre elas: “muito obrigado”, “desculpe”, “com licença”, “por favor”, sim, senhor”, “sim, senhora”, entre algumas outras.
Use-as, use-as com a moldura de seu sorriso, e... tudo vai ficar bem mais fácil!
Existem palavras mágicas, que têm a mesma força de um sorriso e o poder de abrir qualquer porta (principalmente as portas do coração); entre elas: “muito obrigado”, “desculpe”, “com licença”, “por favor”, sim, senhor”, “sim, senhora”, entre algumas outras.
Use-as, use-as com a moldura de seu sorriso, e... tudo vai ficar bem mais fácil!
Você não vai ficar de castigo por isso. Acho que será um grande castigo ter que repetir o ano e fazer tudo de novo.
Mas pode contar comigo, para estudar com você, quando quiser e, logicamente, quando eu não estiver estudando, já que meu trabalho é um estudo que não vai terminar nunca, enquanto eu estiver por aqui.
Mas pode contar comigo, para estudar com você, quando quiser e, logicamente, quando eu não estiver estudando, já que meu trabalho é um estudo que não vai terminar nunca, enquanto eu estiver por aqui.
Pedro querido, embora não seja “meu”, é por mim amado, respeitado e dono de um terço de meus sonhos (os outros dois terços você sabe de quem são). Mas essa porção não tem medidas nem instrumentos para que o homem possa mensurar.
Viva sem medo e com alegria no coração.
A vida é uma grande e maravilhosa aventura e, com certeza, ela sabe que, ao seu lado, tudo fica muito mais bonito.
A vida é uma grande e maravilhosa aventura e, com certeza, ela sabe que, ao seu lado, tudo fica muito mais bonito.
Desse pai que elegeu você como maior amigo,
Paulo.
Rio de Janeiro, 07 de setembro de 1996.
Às cinco horas e vinte e três minutos da manhã.”
sábado, fevereiro 28, 2015
Derrubar Dilma? Nem com canhões!
Derrubar Dilma? Nem
com canhões!
13 de março de 2015 estarei nas ruas pela Democracia e contra
e golpismo.
Para incentivar o golpismo, a mídia bate na tecla de que
milhões, bilhões, foram desviados por corruptos e corruptores, já identificados
nas operações levadas a efeito pela polícia federal e pelo Ministério
Público. O que não esclarecem é que
essas investigações foram feitas estão sendo feitas justamente no governo PT,
com Lula e Dilma.
Ou seja: silenciam quanto ao fato de que antes, no governo do
PSDB, com FHC e durante todo o passado, não se investigava ou, quando se
investigava, não se denunciava à Justiça para punir os culpados.
E falam em golpe, que leva o nome de impeachment.
Pura cretinice!
Um bando de aproveitadores que desejam voltar a mamar nas
tetas da viúva. Perderam! Perderam para o povo brasileiro!
Na verdade querem retirar do poder um governo eleito por mais
de 54 milhões de pessoas. Sou uma delas.
Minha gente, sem sangue não dá...
Governo legitimamente eleito pelo povo, no Brasil, depois de
termos vivido uma ditadura de 21 anos: nem com canhões!
Colocarei minha camisa vermelha dia 13 de março e estarei nas
ruas.
Se, no futuro, precisar usar mais que apenas uma camisa para
evitar um golpe contra a democracia, como não esqueci o passado, serei um dos
primeiros.
28/02/2015
domingo, fevereiro 01, 2015
A guerra perdida: 31 vítimas de bala perdida em 31 dias, no Rio de Janeiro.
A guerra perdida: 31 vítimas
de bala perdida em 31 dias, no Rio de Janeiro.
O povo não se dá conta que 90%
dos casos de balas perdidas, 31 casos apenas em janeiro aqui no Rio, é fruto de
uma guerra estúpida e perdida contra o tráfico de entorpecentes; não percebe
que o álcool e o cigarro são drogas regulamentadas que matam mais que todas as
outras drogas proibidas juntas; não se dá conta que o que alimenta o tráfico é
a ilegalidade; não atina para o fato de que a falta da regulamentação como
ocorre com o tabaco e o álcool é que se tornou o grande problema.
Fuma e bebe quem quer, mas se
fizer besteira vai preso pela besteira que fez, se for crime, e não porque
fumou ou bebeu já que isso é da livre vontade de cada um desde que não
atrapalhe a vida dos outros: está ferrando apenas sua saúde e sua vida.
Qualquer um tem direito a isso.
Ninguém para pra pensar que de
1920 a 1933, quando o álcool foi proibido nos EUA, a guerra foi lá. Morreu foi
gente. Até aparecer outro presidente que não era burro, fanático ou louco, e
regulamentou de novo o uso do álcool.
Aqui, por causa dessa
proibição que perdura – enquanto nos EUA as demais drogas estão paulatinamente
sendo regulamentadas – apenas em janeiro desse ano 31 pessoas foram vítimas de
balas perdidas. O que isso tem a ver com a proibição? Tudo! Basta tirar os
antolhos que se vê...
Nem menciono as centenas que
morreram por todo o Brasil, policiais, inocentes e criminosos, apenas em
janeiro, por conta dessa guerra que já nasceu perdida.
Não sou contra a
regulamentação. Não sou traficante.
Temos hoje um congresso mais
conservador. Se o povo não pressionar pela regulamentação, vamos continuar
morrendo e financiando os fuzis dessa guerra suja.
sábado, janeiro 03, 2015
É Natal
É Natal.
Mesmo que não quisesse, é Natal. Tudo me mostra isso. Ligo a TV e logo as propagandas me dizem que
é Natal. Nas ruas, nas árvores iluminadas,
na fachada dos shoppings e das casas, o piscar de milhares de lâmpadas me dizem
que é Natal.
De resto, não vejo grandes diferenças. As pessoas andam estressadas, o trânsito cada
vez mais engarrafado, o som urbano invade tudo com seu concerto de buzinas,
sirenes, conversas e megafones, a única coisa que parece mudar é que tudo se
acelera um pouco mais nessa época, que tem mais gente nas ruas e menos mendigos
nas calçadas.
Claro que não me iludo quanto à redução de mendigos.
É praxe dos governos expulsarem seus mendigos, sua população
de rua, esse tipo de gente que atira na nossa cara o despudor de nossa
indiferença diuturna durante o restante do ano.
A cidade precisa estar limpa para receber o espírito do Natal
e os turistas e esses espíritos de porco não vão sujar nossa paisagem.
Então é Natal. Não tem
como não ser.
Tanto brilho nas ruas, tantas luzes a iluminar nossas noites,
milhões delas se somam àquelas que conhecemos dos outros dias, é lindo de se
ver! Então aquela árvore na Lagoa,
hein? Belezura! Todo mundo em volta, todas as noites, uma
festa!
Shoppings cheios, restaurantes lotados, ruas repletas de
caros e calçadas também, mostrando como estamos bem de vida, que a noite é
nossa, que somos bárbaros!
Verdade. Tudo isso, é
verdade. Principalmente isso: somos
bárbaros...
Sabemos da covardia praticada contra os moradores de rua, não
apenas contra os mendigos, para desestimular sua presença.
São retirados na marra, a força, na porrada, são jogados em
ônibus cedidos pelos quadrilheiros que nos roubam diariamente em suas roletas,
e largados bem longe, até em outras unidades federativas, ou, na versão
econômica, pressionam para que essa gente que com sua existência sujam os
bairros da zona sul e da orla procurem bairros em que turistas jamais passarão. Não podem poluir nossa paisagem.
Isso tudo é e sempre foi, Natal.
Claro, a TV mostra a missa do galo, a conversa fiada de
nossos governantes, o caô de nossos religiosos, o programa do Roberto Carlos, o
papai noel do shopping, a ceia dos
famosos, o amigo oculto dos artistas, essas coisas que nos provam todo ano que
finalmente chegou o Natal.
Mostrar o amigo oculto é mole, quero ver é mostrar o inimigo
oculto.
Mostrar que 90% do policiamento está a serviço dos hotéis e
do turismo, nas zonas nobres da cidade, que nosso subúrbio e regiões mais
pobres ficam ao abandono, os roubos, chacinas e vítimas inocentes da guerra aos
pobres que nos enganam chamando de guerra ao tráfico.
Quero ver é mostrar o movimento em nossos hospitais, o
abandono da periferia, a covardia que fazem com nossas crianças nas prisões que
criamos para elas em razão de nossa incapacidade crônica de exigir dos
governantes que as crianças pobres exerçam o direito a educação, à saúde e à
moradia, escritas na Constituição da República.
Quero ver é essa gente cristã de araque que grita a favor da
redução da menoridade penal mostrar a cara no horário da missa do galo para
falar dos ensinamentos de Jesus.
Sabe aquela frase “deixai vir a mim as criancinhas?”, essa
gente cristã mudou o nome do SAM para FUNABEM e FEBEM, depois para FUNDAÇÃO
CASA, imbuídos pela prática de sua religiosidade.
Ou seja: a tal frase acima eles colocaram em prática mandando
nossas crianças para o inferno.
Mas isso eles não mostram.
Não porque seja Natal. Não
mostram nem assumem que apoiam, não é por vergonha também.
É por insensibilidade mesmo, por desumanidade, porque não
aprenderam o mais simples dos ensinamentos, que é amar.
Rio, 23/12/2014.
Paulo da Vida Athos
Volver à esquerda
Volver à esquerda.
Dificilmente a mídia será
regulada no Brasil. Os mais progressistas sabem da importância que isso
tem. Temos uma mídia que cumpre o papel
de preservar o status quo que coloca de um lado aqueles 10 por cento mais ricos
da população brasileira detêm mais de 75 por cento da riqueza do país, e de
outro os 90 por cento que vivem com apenas 25 por cento que sobra dessa conta.
Não é de se estranhar que
qualquer movimento político que vise diminuir esse abismo sofra imediatamente
um linchamento midiático. É uma ideologia.
A ideologia de dividir para enfraquecer.
O povo foi e é o alvo
primário, e, se fragilizado pela ausência de liderança firme e coesa, vira
mesmo massa de manobra. Como uma boiada
em estouro. Dividiram sim, e facilmente.
E essa estratégia, antes,
minara o próprio PT a começar pela CNB que foi atropelada por não perceber que
o princípio estava em andamento.
O PT começou a ruir, por
dentro. Não resistiu por
esfacelamento. A coesão deveria se
formar tão logo os ataques criaram o que passaram a chamar de “mensalão” e
continuou, e continua, com o que chamam de “petrolão", e não houve, como
não há, como não houve, contenção para enfrentamento dialético capaz de
demonstrar cabalmente que o discurso da corrupção era vazio em razão do próprio
combate que a colocou visível.
A mídia da elite venceu ou foi
a desunião de todos os partidos progressistas que forjou a derrota?
Os mais fundamentalistas, tal
como os que sofrem de ligeireza de espírito, dirão: -“Mas, que derrota se
vencemos as eleições?!!!
Sabe de nada, inocente...
É ingenuidade, portanto,
imaginar que voluntariamente a mídia vá cumprir o papel que deveria, de
informar. Para isso as concessões
públicas são – ou deveriam ser – direcionadas.
Da mesma forma é ingenuidade
pensar que o Congresso Nacional vá votar, para regular a mídia.
Quando se fala em
financiamento público de campanha substituindo o atual sistema de financiamento
que é público-privado, é para impedir que aqueles dez por cento continue
elegendo, através do financiamento privado, os políticos que irão votar
justamente em questões que envolve diretamente os interesses dessa minoria
bilionária.
Compram o Congresso Nacional,
elegendo com o financiamento privado os deputados federais e senadores que
votarão contra a regulação da mídia, e contra a reforma política que poderia
mudar isso implantando o financiamento apenas público, e contra a taxação das
grandes fortunas que impediria o saque aos direitos dos trabalhadores como
ocorreu agora com as alterações feitas na CLT e no sistema previdenciário.
Espero pelo menos que o
governo do PT cumpra as promessas de investimento maciço na educação, a
democratização da internete – única forma de fornecer à população informação
efetiva – sem descontinuar os demais programas sociais e de investimento que
vinham tocando.
Por outro lado, os partidos
efetivamente de esquerda, os sindicatos dos trabalhadores e movimentos sociais,
precisam participar de forma mais eficaz e coesa na oposição aos atos de
governo que firam ou diminuam direitos do povo e dos trabalhadores, e apoiar de
forma também efetiva os projetos que visem justamente à área social como um
todo.
Sem trazer para o campo das
decisões o Partido da Causa Operária (PCO), a Unidade Vermelha, algumas
correntes do PSOL, como a Insurgência, ou do PT como os Movimentos Populares, a
Articulação de Esquerda e a Militância Socialista, o Partido Comunista Revolucionário
(PCR), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), a Corrente
Socialista dos Trabalhadores (CST), o Movimento Esquerda Socialista (MES) e a
Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), que ficaram alijados nesses 12 anos,
que guardam muito do que o PT foi em suas raízes, vai ser difícil não entregar
para a direita o poder em 2018. Mesmo
com Lula.
Tem que gastar sola e alma.
Esse exercício não se faz em
gabinetes, mas em reuniões, em grupos de discussões, em seminários, em
comícios, nas ruas e faculdades, nas praças e no chão das fábricas, nos trens e
nas estações, nas escolas e universidades, nos guetos e nas esquinas, nas
rádios comunitárias e nas redes, esclarecendo e motivando a grande massa
popular das periferias e das comunidades, porque o povo está é nas ruas, não
nos salões e galerias.
Foi isso que, governando e
governado, o PT esqueceu de fazer.
Paulo da Vida Athos
sexta-feira, janeiro 02, 2015
Final de parceria
Final de parceria.
Tivemos vitórias inesquecíveis: greve, diretas já, chegamos juntos e estamos no governo há mais de 12 anos. Foi bom enquanto durou. Mas agora, assim como uma história bonita de amor, chegamos ao fim. Não me abalo, o que não pode morrer são meus sonhos e minha capacidade de sonhar e lutar para que se tornem realidade. Minha vida tem sido assim e vai continuar assim.
Em seu discurso de posse a Presidenta Dilma afirmou que não tocaria nos direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores. Muito bem. Mas quando 2014 se despedia do céu do tempo, vi que: 1) o período para o trabalhador poder pedir o seguro-desemprego pela primeira vez triplicou - de 6 para 18 meses; “carência” de 24 meses de contribuição do segurado para que o dependente obtenha os recursos - hoje basta que o trabalhador esteja contribuindo; uma nova regra de cálculo reduz o benefício que a família do trabalhador receberia, de "100% do salário de benefício para 50% mais 10% por dependente até o limite de 100%; fico por aqui. Isso basta para fazer a seguinte pergunta: isso é ou não é contra o trabalhador?
Não me arrependo por ter lutado essas décadas ao lado do PT. Não me arrependo de ter lutado para que o PSDB, através de Aécio, chegasse ao governo, seria pior, muito pior, com a vitória da direita mais de extrema. Da mesma forma como não me arrependo, nesse momento, de me afastar politicamente do PT.
Conquistamos muito, nesse período curto. Mas do que foi conquistado no passado inteiro da história do povo brasileiro, para o povo brasileiro. Mas se aceito hoje que retirem um pedaço do conquistado ao longo da história, que moral terei amanhã para falar se resolverem tirar o todo?
Politicamente, procurarei novos companheiros, sempre mais à esquerda.
Não posso tolerar que direitos de trabalhadores sejam violados, sem me opor.
Continuarei sendo, a partir de agora, o que sempre fui: radical opositor aos que violenta, direitos do povo, dentre os quais aqueles conquistados pela massa trabalhadora. Não serei oposição estúpida, meu não tem razões claras, e, assim sendo, não posso continuar minha marcha ombro a ombro com o PT.
Meu caminho é a esquerda, o caminho do povo e dos trabalhadores também.
É lá no horizonte à esquerda é onde vivem meus sonhos, e não abro mão deles nem de sonhar.
E esses caminhos não se misturam com violências aos direitos que conquistamos com muita luta, suor e dor.
Agradeço aos companheiros de trincheira com quem dividi meus sonhos nas últimas três décadas e pouco. Permanecerão com meu carinho, amizade e respeito.
Mas na dúvida, sigo à esquerda...
Paulo da Vida Athos.
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