sábado, janeiro 03, 2015

Volver à esquerda

Volver à esquerda.

Dificilmente a mídia será regulada no Brasil. Os mais progressistas sabem da importância que isso tem.  Temos uma mídia que cumpre o papel de preservar o status quo que coloca de um lado aqueles 10 por cento mais ricos da população brasileira detêm mais de 75 por cento da riqueza do país, e de outro os 90 por cento que vivem com apenas 25 por cento que sobra dessa conta.

Não é de se estranhar que qualquer movimento político que vise diminuir esse abismo sofra imediatamente um linchamento midiático.  É uma ideologia. A ideologia de dividir para enfraquecer.

O povo foi e é o alvo primário, e, se fragilizado pela ausência de liderança firme e coesa, vira mesmo massa de manobra.  Como uma boiada em estouro.  Dividiram sim, e facilmente.

E essa estratégia, antes, minara o próprio PT a começar pela CNB que foi atropelada por não perceber que o princípio estava em andamento.

O PT começou a ruir, por dentro.  Não resistiu por esfacelamento.  A coesão deveria se formar tão logo os ataques criaram o que passaram a chamar de “mensalão” e continuou, e continua, com o que chamam de “petrolão", e não houve, como não há, como não houve, contenção para enfrentamento dialético capaz de demonstrar cabalmente que o discurso da corrupção era vazio em razão do próprio combate que a colocou visível.

A mídia da elite venceu ou foi a desunião de todos os partidos progressistas que forjou a derrota?

Os mais fundamentalistas, tal como os que sofrem de ligeireza de espírito, dirão: -“Mas, que derrota se vencemos as eleições?!!!

Sabe de nada, inocente...

É ingenuidade, portanto, imaginar que voluntariamente a mídia vá cumprir o papel que deveria, de informar.  Para isso as concessões públicas são – ou deveriam ser – direcionadas.

Da mesma forma é ingenuidade pensar que o Congresso Nacional vá votar, para regular a mídia.

Quando se fala em financiamento público de campanha substituindo o atual sistema de financiamento que é público-privado, é para impedir que aqueles dez por cento continue elegendo, através do financiamento privado, os políticos que irão votar justamente em questões que envolve diretamente os interesses dessa minoria bilionária.

Compram o Congresso Nacional, elegendo com o financiamento privado os deputados federais e senadores que votarão contra a regulação da mídia, e contra a reforma política que poderia mudar isso implantando o financiamento apenas público, e contra a taxação das grandes fortunas que impediria o saque aos direitos dos trabalhadores como ocorreu agora com as alterações feitas na CLT e no sistema previdenciário.

Espero pelo menos que o governo do PT cumpra as promessas de investimento maciço na educação, a democratização da internete – única forma de fornecer à população informação efetiva – sem descontinuar os demais programas sociais e de investimento que vinham tocando.

Por outro lado, os partidos efetivamente de esquerda, os sindicatos dos trabalhadores e movimentos sociais, precisam participar de forma mais eficaz e coesa na oposição aos atos de governo que firam ou diminuam direitos do povo e dos trabalhadores, e apoiar de forma também efetiva os projetos que visem justamente à área social como um todo.

Sem trazer para o campo das decisões o Partido da Causa Operária (PCO), a Unidade Vermelha, algumas correntes do PSOL, como a Insurgência, ou do PT como os Movimentos Populares, a Articulação de Esquerda e a Militância Socialista, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), o Movimento Esquerda Socialista (MES) e a Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), que ficaram alijados nesses 12 anos, que guardam muito do que o PT foi em suas raízes, vai ser difícil não entregar para a direita o poder em 2018.  Mesmo com Lula.

Tem que gastar sola e alma.

Esse exercício não se faz em gabinetes, mas em reuniões, em grupos de discussões, em seminários, em comícios, nas ruas e faculdades, nas praças e no chão das fábricas, nos trens e nas estações, nas escolas e universidades, nos guetos e nas esquinas, nas rádios comunitárias e nas redes, esclarecendo e motivando a grande massa popular das periferias e das comunidades, porque o povo está é nas ruas, não nos salões e galerias.


Foi isso que, governando e governado, o PT esqueceu de fazer.


Paulo da Vida Athos

Nenhum comentário:

It was not an act of war in Lebanon

It was not an act of war in Lebanon. It was not an act of war, it was a terrorist act, a terrorist action that Israel carried out against Le...