quarta-feira, outubro 17, 2007

TRANSGRESSOR









TRANSGRESSOR


Pronto! Sou isso mesmo.





Aprendi com o tempo em exercício pleno e diplomei-me no texto “Subindo”, de Ana Guimarães, que li em seu blog “O gozo da letra”.

Sou um transgressor!

Passei a vida transgredindo. Pulava muros e desprezava cercas, moleque que fui e sou, que se plantassem ousadas entre mim e as mangueiras, jaqueiras, ou as águas azuis de alguma piscina que se oferecesse ao desfrute diante de meus olhos.

Tendo o mar transbordando diante de mim que transbordo de amor ao mar, ainda assim a transgressão fazia de mim um penetra, um moleque atrevido, que também amante das proibidas águas doces, era nelas que mais me aprazia lavar o sal do corpo, a despeito da fúria que acendia na alma de seus senhores.

Clubes, casas, embaixadas (meu bairro, Botafogo, no Rio de Janeiro, hospedava as mais bonitas e requintadas), nada escapava. Para falar a verdade inteira: nem peixe de chafariz!

Depois outras cercas mais foram surgindo, que não ofereciam qualquer encanto ao comum das gentes. Isso me levou a indizíveis momentos e abriu muitos parênteses em meu existir. Não havia o encanto das piscinas nem dos pomares comuns. Mas, encanto havia!

Queria colher liberdade em um mundo cada vez mais senhorial. Minha alma não servia por não ser servil e, transgresoramente, como sempre, bati de frente sem pára-choques. Várias vezes.

Não mudei e continuo “batendo de frente”. Mas é mesmo assim, como peixe que nada contra a maré para saber que está vivo vez que nem sempre morrer é o não mais respirar.

Exercito minha transgressão, pelo que percebi no belo texto de Ana, até mesmo em minhas digas, na forma que lhes dou forma, que é uma não-forma, por deixá-las fluir com liberdade.

O texto todo é um primor. Mas como todo transgressor, ressalto o que me legitima:

“Criação é transgressão por definição, não pode ter limite. Xô para essa hipocrisia do politicamente correto que beira o fascismo! Um controle vigilante, uma censura prévia corre o risco de engessá-la. Fraturas no establishment são esperadas e até desejadas. Uma charge, por exemplo, nutre-se do real, do cotidiano para transcendê-lo. Não existe humor a favor, humor é sempre contra: senão, que se proíba logo tudo! (E a ironia?)”

E sorrindo como se diante de uma piscina azul, mergulho nesse norte!

Grato, Ana!


Paulo da Vida Athos.



Fonte

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