domingo, fevereiro 11, 2018

Proibicionismo e Ignorância

Um conhecido meu, durante uma conversa sobre "caos na segurança pública do Rio de Janeiro", saiu com essa pérola:

-"Enquanto tiver quem compre (drogas), não acaba o tráfico".

A ignorância é até escusável, mas apenas naqueles casos em que o ignorante não tem fontes ou meios de sair dela. É mas esse não é, absolutamente, o caso desse conhecido.

Ignorante, mas podendo sair do obscurantismo, ao revés prefere nele manter-se e, para piorar, passa a emitir opinião sobre temas científicos com relação aos quais não tem a mais singela intimidade, apenas pautado em seu achismo.

Poderia responder dizendo que enquanto tiver quem use energia elétrica sua transmissão não acaba, o que não ē tão óbvio, mas daria no mesmo, seria tão irrelevante quanto o que ele afirma e não acenderia uma lâmpada que o tirasse do escuro.

Ele disse algo elementar: se ninguém compra algo esse algo não gera lucro.

Mas isso não é o caso da existência do tráfico de drogas e suas danosas e mortais consequências. O que då vida ao træfico é a proibição.

Quando a cocaina, a maconha, a heroína e o ópio eram usados livremente pela humanidade, tanto quanto o tabaco e o álcool o comércio existia e era pacífico.

Geravam lucros comuns ao mercado e à economia.

A informação mais antiga de proibição que me vem â memória, foi da declaração de guerra da Inglaterra à China porque a China proibiu que os ingleses vendessem seu ópio por lá, em 1839.

À época o ópio representava metade das exportações inglesas para a China.

Quando surge o proibicionismo dando vida ao tráfico da cocaína e da maconha, ou do álcool por breve período de pouco mais de uma década nos EUA, o volume de dinheiro arrecadado pela narcotraficância não passou despercebido pela economia, nem pelo crime.

Al Capone é icônico no que diz respeito ao tráfico do álcool e da riqueza gerada pela proibição. Quem não ouviu falar do velho Al?

Pois é...

A única conclusão possível não é que "o tráfico existe porque tem quem compre" (essa é uma opinião tão acanhada e pequena quanto o conhecimento sobre o tema, de quem a emite).

O correto é afirmar que o tráfico existe porque existe a proibição.

Não fosse a proibição, a cocaina, o ópio, a heroína e a maconha, poderiam estar com sua produção, uso e comércio, regulamentados, como o álcool e o tabaco, no botequim mais perto de você, sem gerar dinheiro para a compra de um fuzilzinho sequer.

Sem o proibicionismo e, por extensão, sem o trafico dele oriundo, o resultado primário é que em nossas favelas, hoje chamadas de "territórios" ou "comunidades", seriam apenas bairros ou locais onde moram pessoas mais pobres que ainda não tiveram possibilidade, ou vontade, de encontrar um local melhor para morar.

Simples assim.

Sem esse papo também pequeno de que isso facilitaria os viciados. Ora, nem todos os que bebem álcool se tornam alcoólatras, assim como nem todos que usam o tabaco estão livres dos danos físicos ou mentais provocados pelo alcatrão.

E se viciarem-se, problema deles! Como qualquer alcoólatra ou bêbedo na rua: se não comete um crime, é direito deles acabarem com suas vidas com qualquer drogas, inclusive com crack.

Isso é respeito constitucional ao princípio da individualidade.

O que não é plausível é continuar vendo a proibição financiar fuzis para o tráfico por ela produzido, e ouvir calado ignorantes culpando quem usa drogas pela existência de tráfico.

O que é inaceitævel, é ver esses fuzis matarem uma criança por dia.

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