domingo, dezembro 24, 2017

Amanhã é dia de Natal

Amanhã é dia de Natal.


Sei que nem todos os meus amigos são cristãos e que alguns deles consideram uma data que se tornou comercial. Também não sou cristão e tenho bastante consciência do comércio que gira em torno dessa data religiosa.

Mas isso da religião e o comércio cirandarem no tempo não é novidade para a humanidade. O registro mais antigo que posso apontar da existência desse vínculo, vem também de Jesus quando se insurgiu contra “os vendilhões do templo” (era assim que o padre de meu primeiro colégio se referia ao fato).

Mas tirando isso, essa é uma data em que os verdadeiros cristãos, e, quando falo verdadeiros me refiro àqueles que, tal como seu Mestre, pregam o amor, o perdão, a tolerância, o senso de humanidade, a caridade, e que se insurgem contra a desigualdade e a injustiça social, rebelando-se, insuflando-se e insuflando, indo para as ruas, esclarecendo o povo, ficando ao lado do povo, tentando um mundo melhor para todos, como era o caso de Jesus, que, se bem que não fosse marxista, era um revolucionário.

Então, é pela essência dessa data, e pela filosofia daquele que é ou pelo menos deveria ser o único homenageado, que uso esse espaço para desejar a todos, sem exceção, que tenham um belo dia, uma bela noite de Natal, e que cada prece que subir aos céus por esse mundo a fora, cada garrafa de vinho que for aberta, cada abraço que for dado, cada sorriso de criança diante da caixa de presente deixada por Noel, seja, na vida de cada um, um dia de saúde, de paz, e repleto do amor e da solidariedade que o homenageado deixou como lição.

Feliz Natal!

Amem.

Amém.

Paulo da Vida Athos
Rio, 24/12/2016

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Revelação

Revelação



Encontrar-te
foi como me reencontrar,
completar-me
com o pedaço melhor de mim.

A forma, o lugar,
o teu olhar, a tua luz,
a energia e intensidade
que circunscreveu de eternidade
aquele instante,
foram mágicos.

Soube na hora
estar diante da mulher
para minha vida inteira,
e que a Vida me preparara
para encontrar a ti,
naquele instante,
para o restante
e o eterno
de todas as minhas horas.

A poesia tem disso...

Torna-nos sensíveis,
sensitivos,
e o poeta sabe
quando está diante do não transitivo,
do não explicável
ao se revelar,
como se, inteiro,
já estivesse em sua vida
antes da própria concepção.

E essa  foi forma perfeita,
finalizada, plena, absoluta,
com que o amor se revelou
em mim, através de ti,
para desmentir o poeta:
-Não!
Não és um fingidor!,
nascestes para viver o amor,
que por ela
sentes!


Paulo da Vida Athos
Dez/2017

terça-feira, dezembro 19, 2017

Preciso de um velho ano-novo






Preciso de um velho ano-novo








Preciso de um novo ano
que devolva a Vida
que ficou numa esquina qualquer do tempo,
perdida,
a buscar ecos de sonhos
e inocência,
e de crianças nas ruas despojadas do medo
de brincar de ciranda,
de ficar sozinha,
de alcançar o céu das amarelinhas,
de pular corda,
de rodar pião,
de se apossar das calçadas,
de pelada nas ruas,
de jogar botão,
de namorar a lua.

Preciso de um novo ano velho
que resgate o entusiasmo de despertar
com sorriso no rosto,
de me emocionar
com barquinhos de papel,
com as chuvas de verão,
com bolas de gude,
de pés no chão,
em que seja proibido
não se deixar levar pelo encanto
do canto dos pardais,
de se emocionar com o amor,
de se render à paixão.

Preciso de um velho-ano novo
despido de preconceitos,
onde se tente
impor amor, não opinião,
prevaleça o ser sobre o ter,
a liberdade de credo,
a disposição do corpo,
a deposição do gênero,
a ternura eterna.
Amém!

Um ano novo em que
cada um possa,
incensuravelmente,
sair de mãos dadas
com a pessoa amada,
beijar quando sentir vontade,
rir todos os seus risos e
chorar todas as suas lágrimas,
sem que ninguém se sinta agredido
pela felicidade
ou tristeza
do outro.

Preciso de um ano assim,
de cumplicidade,
de amizade incondicional,
de grandes festas em cada alvorada,
de felicidade infinita
diante do pôr-do-sol.

Um ano
que se embebede,
todos os dias,
de amor
e poesia.

(Paulo da Vida Athos – Rio, Dez/2017)

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